quarta-feira, 4 de março de 2009

Meu Passarinho



Olha que incrível: há uns três meses um passarinho caiu na varanda do meu apartamento com a asa quebrada. Era um pássaro atípico, desses que não se vêem todos os dias. Mas era bem bonito, logo aos meus olhos que adoro bicho assim. Tinha penas brancas com pretas, e não um graande porte.
Estava desiludido, triste, achando que não teria mais a liberdade, que lhe era vital. Parecia-me até carente, o bichinho que é tão independente. Fiz o que eu tinha que fazer: trouxe pra dentro, cuidei, (como uma mãe cuida de um filho recém-nascido, frágil), alimentei, carinhei... Dei-lhe amor! O bichinho era dócil, mas adverso à tirania. Mas... Ele mandava.
E foi o tempo todo assim, eu aprendendo com ele e ele aprendendo comigo, humana! Nos cativamos! Confesso que pensei ate em criá-lo como de estimação. Eu via que ele também estava apegado a mim. Mas me dei conta de que o lugar dele era o céu. O que lhe fazia feliz era o vento, a liberdade. Não era de sua essência viver desse modo, recebendo amor dentro de um cubículo. Pra ele, literalmente o céu era o limite. Nos demos conta disso, na dor, mas demos.
E então eu tomei-lhe, já curado, esguio, imponente, na minha mão (antes de conversarmos e trocarmos mais afeto) e o soltei. Eu disse: Vai passarinho!! Seu lugar não é aqui. Vai ser feliz no seu céu! Neste céu mais lindo que há.
E ele foi. O coração ficou apertado, mas tenho esperança de que ele venha de vez quando agradecer o bem feito que lhe fiz. Agradecer da melhor forma: tornando-se presente!
E assim eu também fiquei (e ficarei) feliz!


E pra terminar, pego emprestadas as palavras do querido Quintana:
“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!

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